Se você é MEI e anda pensando em contratar seu primeiro funcionário, parabéns: isso é sinal de crescimento. Mas antes de sair divulgando vaga por aí, respira fundo. O processo seletivo para contratar funcionário pode ser mais simples do que parece, se você souber por onde começar e o que observar em cada etapa.
Ah, e uma lembrança rápida: o MEI pode contratar apenas um funcionário, com registro em carteira, seguindo as regras da CLT.
E mesmo que seja só um, ele pode ser a ajuda que faltava pra você crescer com mais qualidade, ter mais tempo pra planejar e melhorar seu atendimento. É como colocar azeite novo na engrenagem: tudo começa a fluir melhor.
Precisa mesmo de um funcionário? Planejar evita arrependimento
Antes de abrir vaga, avalie a real necessidade. Isso te ajudará a fazer a escolha correta. Vamos a alguns detalhes que você deve ficar atento:
Tarefas do funcionário
Quais tarefas você não está dando conta? O que está atrasando o andamento do seu negócio?
Anotar tudo o que você faz hoje (e o que está acumulando) já é um ótimo primeiro passo para visualizar onde o reforço seria útil. Isso ajuda a evitar a famosa “contratação por impulso”, que no fim das contas só traz dor de cabeça.
Às vezes, a gente se enrola tentando dar conta de tudo e acaba perdendo vendas, clientes e até a paciência. Um funcionário certo na hora certa pode mudar esse cenário e dar aquele gás que seu negócio precisa para decolar de vez.
Exemplo prático:
Se você tem uma loja online e está passando mais tempo respondendo mensagens do que produzindo seus produtos, talvez um funcionário para cuidar do atendimento ao cliente seja o ideal.
Agora, se a entrega dos produtos está atrasando, talvez o ideal seja alguém para ajudar na logística ou na produção. Ou seja, fique atento ao que pesa mais para o seu dia a dia.
Valores
Lembre-se de que contratar envolve custos fixos. Faça as contas com calma: salário, INSS patronal (que é a parte da contribuição previdenciária paga pelo empregador), benefícios obrigatórios e possíveis extras. Vale conferir nosso guia sobre plano de negócio para MEI para não se enrolar nessa parte. Se fizer essa conta direitinho, evita surpresas no final do mês.
Tipo de contratação
Outro ponto importante: pense também se é melhor contratar alguém fixo ou buscar uma solução temporária, como freelancer ou terceirizado. Dependendo da demanda, isso pode ser mais vantajoso, principalmente em épocas de alta sazonalidade. O importante é não deixar o barco afundar por falta de mão na massa.
Como definir o perfil ideal do candidato
Depois de saber qual área precisa de reforço, é hora de pensar no perfil da pessoa ideal. Não se trata só de saber usar planilha ou atender telefone. Você precisa avaliar três dimensões, que juntas vão ajudar a achar o match perfeito:
Habilidades técnicas: tipo mexer em software de vendas, saber usar redes sociais etc. Avalie o que é indispensável e o que pode ser aprendido no dia a dia. Às vezes, vale mais contratar alguém com vontade de aprender do que uma pessoa que sabe tudo, mas não tem iniciativa.
Habilidades sociais: tipo boa comunicação, organização, empatia, disposição para resolver pepinos ou aquele jeitinho brasileiro de contornar as dificuldades. Isso faz diferença para que o dia a dia flua.
Fit cultural: pensa se a pessoa combina com o seu jeito de tocar o negócio. Se você é todo informal e criativo, talvez alguém muito rígido tenha dificuldade de se adaptar. Quer gente que vista a camisa e cresça junto com você.
E sim, a gente sabe que encontrar alguém que reúna tudo isso não é fácil. Mas com calma, observação e boas perguntas na entrevista, dá pra perceber quem tem mais a ver com seu negócio e quem vai botar a mão na massa de verdade.
Faça uma descrição de vaga que não assuste
A descrição da vaga deve ser clara, objetiva e convidativa. Evite textos genéricos tipo “procuramos profissional comprometido e dinâmico”.
Fale de verdade o que a pessoa vai fazer, quanto vai ganhar (isso atrai muito mais e evita frustrações) e o que você espera dela. Nada de rodeios ou promessa de cargo dos sonhos que não existe.
Exemplo:
Atendimento ao cliente (presencial): Loja de cosméticos naturais no centro de Porto Alegre procura pessoa comunicativa para atendimento no balcão, recebimento de pedidos do site e organização do estoque.
Segunda a sexta, das 9h às 18h. Salário R$ 1.800 + vale transporte. Procuramos alguém animado, que curta cosméticos veganos e esteja a fim de crescer com a gente.
Nada de “precisa ter inglês fluente” se ninguém vai trocar nem bom dia em inglês. Foque no que realmente importa pra rotina da função, e assim já vai filtrar os candidatos que não têm a ver.
Divulgue sua vaga e para atrair os candidatos certos
Com a descrição em mãos, bora divulgar nos canais certos. E aqui vale pensar onde seu público ideal costuma procurar emprego.
Tem opções gratuitas e pagas, e um detalhe: não é porque o canal é gratuito que a vaga vai ficar perdida no mar de posts.
Você precisa dar aquele toque especial pra se destacar. É igual anunciar um produto, se você colocar um título genérico, ninguém acha.
- Redes sociais: grupos de Facebook, LinkedIn e até seu próprio Instagram (coloque a vaga no feed e nos stories com destaque). Use uma imagem bacana e um texto simples.
- Sites de emprego: InfoJobs, Gupy, Vagas.com, entre outros. São opções tradicionais e com alcance maior.
- Indicações: pergunte para amigos, familiares e clientes. Às vezes, o melhor candidato está pertinho. A rede de contatos é um superpoder para quem empreende.
Aliás, se você já tem uma base de clientes fiéis, aproveite pra divulgar a vaga pra eles. Pode ser que alguém esteja buscando uma oportunidade ou conheça alguém de confiança. Boca a boca funciona, e muito, e não é só para indicações de empregos.
Como escrever um anúncio que funcione de verdade
Aposte em títulos chamativos, linguagem simples e um layout fácil de ler. Evite termos técnicos demais ou exigências que não fazem sentido para a vaga.
Quer um exemplo? Em vez de “vaga para operador de sistemas de CRM multicanal”, escreva “pessoa para ajudar no atendimento ao cliente e organizar contatos no sistema”. Mais direto, mais humano e mais fácil de atrair gente de verdade.
Quer um time potente? Comece incluindo de verdade
Se quiser atrair mais diversidade, evite o preconceito inconsciente. Diversidade no time não é só papo bonito, é motor de negócio funcionando melhor.
Quando você junta gente de histórias diferentes, com jeitos e visões variadas, a coisa anda de outro jeito: tem mais ideia boa, mais solução criativa, mais troca real. Mas pra atrair esse povo todo, o anúncio precisa acolher.
Esquece aquela lista gigante de exigência que nem faz sentido. Inglês fluente? Só se for realmente necessário. Diploma? Às vezes a prática vale bem mais. E não subestime o poder de uma frase tipo “todas as pessoas são bem-vindas”. Isso já abre a porta pra quem sempre achou que ela tava trancada.
Triagem sem dor de cabeça: como selecionar bem
Você postou a vaga e começaram a chegar currículos. E agora? Hora de filtrar com sabedoria. Crie critérios objetivos para selecionar quem vale seguir no processo:
- Experiência anterior na área ou tarefas similares.
- Domínio de ferramentas essenciais para a função.
- Forma como o currículo está apresentado (organização, clareza).
E aqui vai o pulo do gato para melhorar sua triagem
Se quiser ganhar tempo na triagem, dá pra contar com a ajuda de ferramentas de automação conhecidas como ATS (Applicant Tracking System).
Elas organizam currículos, aplicam testes e até classificam candidatos automaticamente. E o melhor: tem opções pra todos os bolsos, inclusive zero reais. Olha só:
- Gupy (nem todos os candidatos gostam, mas é efetiva): plataforma brasileira super intuitiva, que ajuda a publicar vagas e automatizar etapas do processo seletivo.
- Kenoby: ideal pra quem quer algo mais completo, com integração a redes sociais e relatórios de desempenho.
- Planilha do Google: se quiser manter tudo na base da simplicidade, dá pra usar filtros e cores pra organizar os currículos recebidos. Não tem mistério e é 100% gratuito. O formulário do Google também ajuda muito e ainda dá pra montar planilhas com eles.
O importante é o processo funcionar pra você, seja com uma ferramenta chique ou com uma planilha bem ajeitada.
Etapas para um processo seletivo redondo
Nem todo processo seletivo precisa ter mil etapas (aliás, o candidato agradece), mas vale estruturar um mínimo para tomar a melhor decisão. Aqui vai um exemplo simples:
Entrevista por competências
Converse com a pessoa sobre experiências passadas e veja como ela agiu em situações reais. Exemplo: “Me conta uma vez em que você teve que lidar com um cliente irritado. O que você fez?” Isso ajuda a descobrir quem sabe resolver pepinos de verdade.
Teste prático
Peça algo simples e objetivo: responder um e-mail fictício, embalar um produto, organizar uma agenda. O que for relevante para a função. Isso ajuda a separar quem tem prática de quem só fala bonito.
Avaliação de valores
Converse sobre temas como pontualidade, forma de comunicação e abertura para feedback. Isso ajuda a entender o alinhamento cultural. Às vezes, é melhor alguém com menos técnica, mas mais alinhado com seus valores.
Verificação de referências
Ligue para antigos empregadores, se possível. Pergunte sobre o desempenho da pessoa, postura no dia a dia, se cumpria horários, se sabia trabalhar em equipe. Isso ajuda a evitar surpresas lá na frente e reforça sua confiança na hora de contratar.
Mas ó: fica esperto com as referências negativas. Às vezes, o problema não era o funcionário, era o patrão.
Tem dono de negócio que queima ex-funcionário só por birra ou porque não sabe liderar. Por isso, tente conversar com mais de uma referência ou cruzar as informações com o que a pessoa te contou. O bom senso aqui vale ouro.
O momento da escolha: como decidir com segurança
Você tem alguns finalistas? Ótimo. Faça uma análise comparativa, considerando não só técnica, mas também compatibilidade com o seu negócio. Um bom jeito é montar uma pequena tabela com critérios (habilidades, comportamento, disponibilidade etc.) e atribuir notas.
Se quiser, envolva alguém de confiança na escolha. Às vezes, uma segunda opinião ajuda a perceber detalhes que escaparam.
Quando tiver certeza, é hora de fazer a proposta. Seja direto, transparente e apresente os pontos com clareza: salário, jornada, benefícios e data de início.
Dica bônus: evite propostas muito abaixo do mercado. Você pode conferir faixas salariais atualizadas no site do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Negociação: como não virar um leilão
Se o candidato quiser negociar, esteja aberto ao diálogo, mas saiba até onde você pode ir. Flexibilizar jornada, oferecer um bônus por desempenho ou ajuda de custo pode ser mais viável do que aumentar salário. Use a criatividade para fechar um acordo que funcione para os dois lados.
Ah, e não esquece do treinamento! Um bom começo faz toda a diferença pro novo funcionário se sentir parte da equipe. Explique a rotina, combine expectativas e acolha com empatia. Um funcionário bem recebido é funcionário que fica e rende mais. Um processo e um treinamento bem estruturado faz evitar dor de cabeça e estresse no futuro.
Checklist final prático para MEI contratar bem
Pra fechar com chave de ouro, aqui vai um checklist pra você colar no mural e seguir sempre que for contratar:
- Analisar sua real demanda.
- Definir o perfil do funcionário ideal.
- Escrever uma descrição de vaga objetiva e atrativa.
- Escolher os canais de divulgação.
- Planejar a triagem e entrevista.
- Fazer testes e checagens básicas.
- Avaliar com base em critérios claros.
- Formalizar a contratação no eSocial.
Seguindo essas etapas, o processo seletivo para contratar seu novo funcionário deixa de ser um bicho de sete cabeças. E mais: ajuda a fazer escolhas que realmente impulsionam o seu negócio, afinal, todo mundo quer crescer, né?
E se você já virou patrão, vale conferir nosso guia sobre como registrar funcionário do MEI no eSocial. É passo a passo e sem mistério e garantindo que tudo está dentro da lei.