Para muitas mulheres, a maternidade é um dos grandes sonhos da vida. Para outras, ela acontece, mesmo não sendo. Em um contexto mais próximo, especificamente das vidas reais das mulheres brasileiras, uma coisa é certa: elas desejam e, em muitos casos, precisam continuar em suas vidas profissionais.

E aí, entre tantos cenários possíveis, muitas vezes pontos comuns aparecem:

  1. a busca por uma renda extra para sustentar o filho;

  2. conciliar a rotina da criação com o trabalho.

Diante disso, o número de mães empreendedoras cresce já que a alternativa demonstra mais liberdade e flexibilidade, ainda que isso também esteja acompanhado de tudo que envolve se organizar de forma independente. O fato é que, ao formalizar sua atividade profissional individual, além da possibilidade de construir renda e ter benefícios previdenciários, isso pode representar mais tempo com a criança.

De acordo com o Instituto Rede Mulher Empreendedora, 68% das mulheres passam a empreender depois que têm filhos. Uma parte dessas empreendedoras surgiu durante a pandemia, uma vez que o isolamento foi necessário e muitas pessoas perderam seus proventos.

Aliar a rotina de mãe e de empreendedora é desafiador. Mais do que isso, ela é complexa, passa por muita organização e, na maioria dos casos, apoio e ajuda.

Inclusive, as obras de ficção que se inspiram e contam histórias que remetem a realidade dessas mulheres são cada vez mais comuns. É o caso da novela “Vai na Fé”, que atualmente está no horário das 7 da Rede Globo, e na trama conta a história da vendedora de quentinhas Sol, interpretada pela atriz Sheron Menezes, e da série Supermães (Workin’ Moms), disponível na Netflix. Nessa última, quatro mães, após o período da licença-maternidade acabar, precisam lidar com seus filhos, suas carreiras, seus chefes… enfim, suas vidas num todo.

Nestes contextos, que reúnem entre outras coisas liberdade e responsabilidades, abrir uma empresa é uma alternativa crescente e que apesar das exigências, é um caminho que é trilhado por um número cada vez maior de mulheres, especialmente mães. Neste artigo, reunimos alguns pontos sobre essa dinâmica da sociedade atual: as mães, em grande parte solo, e a vida como empreendedoras.

Mãe solo: um perfil demográfico em crescimento

Ao criar um negócio, muitas questões precisam ser analisadas, desde a área de atuação até os direitos e deveres que possuem. Aliás, se você é mulher e mãe e está pensando em começar a empreender, o MaisMei separou 7 áreas para você conhecer e se aprofundar.

Em relação ao empreendedorismo, inúmeras questões ainda ganham forma como reivindicações. No relatório “Os Desafios das Mães Empreendedoras na Pandemia”, elaborado pela ONU Mulheres em 2021, os apontamentos são os seguintes:

  • Valorização do trabalho;
  • Formalização do negócio;
  • Formação e capacitação;
  • Acesso ao conhecimento e a melhorias na relação com o dinheiro;
  • Conhecer o caminho para o crédito e ter acesso a ele;
  • Apoio para digitalização.

Inclusive, engana-se quem pensa que os domicílios brasileiros são, em sua maioria, chefiados por homens. Na realidade, boa parte das famílias é sustentada por mulheres.

Em março de 2023, o DIEESE publicou uma pesquisa que mostra a realidade das mulheres no mercado de trabalho enquanto chefes de família. No documento, diversas informações foram compiladas sobre a conjuntura e, a seguir, você pode conferir as de maior destaque:

  • 38,1 milhões de famílias têm liderança feminina;
  • As famílias mais vulneráveis são as que têm chefia feminina com filhos sem cônjuge;
  • Do total de chefes negras, 20,6% são domésticas sem carteiras, 15,1% trabalham com carteira no setor público ou privado e 17,6% são autônomas sem CNPJ;
  • No 3º trimestre de 2022, o rendimento médio foi de R$ 3.922 para famílias lideradas por não negras e de R$ 2.468 para as que são lideradas por chefes negras.

Com esses dados, é possível perceber que mais da metade das mulheres negras (53%) não possui nenhum benefício trabalhista. Já com relação às famílias chefiadas por mulheres não negras, a porcentagem cai um pouco, fechando em 41%.

Felizmente, hoje em dia existe o MEI, uma categoria para que a mulher empreendedora se formalize, bem como tenha garantia de certos benefícios – os quais você pode conferir no próximo tópico.

MEI e salário-maternidade: benefício e direito

Infelizmente, existem muitas histórias que iniciam com a profissionais que foram demitidas após voltarem da licença-maternidade. O que deveria ser motivo de alegria, ou seja, o fato de ser mãe, acaba tornando-se uma preocupação.

Mas, se por um lado o mercado de trabalho tradicional afasta as mães, o empreendedorismo cresce entre elas. Pelo fato de buscarem sua independência financeira e estarem junto de seus filhos, empreender se transformou em uma ótima solução.

Porém, é preciso ressaltar: na hora de abrir a sua empresa, formalize-a!

Embora a informalidade diminua o desemprego, a formalização é essencial para quem quer ter liberdade, empoderamento e, acima de tudo, segurança. Quem tem o seu negócio formalizado, tem direito a:

  • Um CNPJ, facilitando na hora de abrir uma conta bancária;
  • Facilidade na hora de empréstimos;
  • Emissão de notas fiscais;
  • Acesso ao alvará de funcionamento;
  • Aposentadoria;
  • Auxílio-doença;
  • Acesso a crédito bancário.

Para as mulheres que são mães, existe um último benefício que faz toda a diferença: o auxílio-maternidade.

Garantido pela Lei Complementar nº 128/2008, o auxílio-maternidade corresponde ao pagamento de um salário mínimo às MEIs durante 120 dias, podendo ser solicitado a partir do oitavo mês de gravidez e até 5 anos após o parto, uma informação que muitas mulheres desconhecem.

Para ter direito ao benefício, a empreendedora deve aguardar um período de carência de dez meses, já que ele só pode ser concedido após dez contribuições mensais ao INSS – que, para o MEI, está embutida no valor da Guia DAS. Além disso, a profissional precisa se encaixar em algum dos casos abaixo:

  • Parto;
  • Adoção ou guarda judicial com o objetivo de adoção de crianças com no máximo 12 anos de idade;
  • Aborto espontâneo ou previsto em lei;
  • Situações em que o bebê nasce sem vida.

Para solicitar esse salário, você vai precisar:

  1. Abrir o Portal Meu INSS;
  2. Fazer login com sua conta gov.br;
  3. Na página inicial, logo abaixo do seu nome, clicar na opção “Salário”;
  4. Selecionar “Salário Maternidade Urbano”.

Você pode efetuar o pedido do benefício até cinco anos após o parto. Além do mais, mesmo que ele já tenha sido negado, é possível solicitá-lo de volta, basta realizar o passo a passo acima.

A rotina de uma mãe empreendedora

Apenas uma mãe empreendedora sabe dos desafios do dia a dia. Ter um filho e uma empresa não é fácil, pois ambos exigem dedicação e muita responsabilidade. No entanto, conciliar uma empresa e a maternidade pode ser um pouco mais flexível do que quando se está em um emprego comum.

Para que tudo saia nos conformes, é imprescindível que uma rotina seja criada. Mas, não se esqueça, imprevistos podem acontecer, então, deixe brechas para eles. Outro fator importante é o planejamento. Tendo uma rotina bem planejada, o tempo para cada tarefa pode ser melhor distribuído.

Com relação à dupla função que uma mãe empreendedora tem, é preciso muita atenção e consciência. Afinal, você vai precisar separar as duas funções, para não negligenciar nenhuma delas e, ainda mais importante, sua saúde física, emocional e psicológica – principalmente se você trabalhar em casa.

Neste sentido, há algo muito importante a ser dito: não se culpe se não conseguir fazer tudo sozinha. É para te ajudar que as redes de apoio existem. E, caso você não tenha uma rede de apoio sólida, existem vários projetos de incentivo às mães empreendedoras, tais como:

Com suporte, tenha certeza de que você fará um trabalho ainda mais incrível.

Conclusão

Ser mãe, empreendedora e, em muitos casos, responsável pelo sustento da família é uma realidade para milhares de famílias. Reconhecer os pontos positivos e negativos, assim como as possibilidades que se abrem na vida das mulheres que são mães e decidem conciliar o empreendedorismo é apenas um primeiro passo em direção a tornar a vida dessas pessoas um pouco mais fácil.

Assim como maternar, empreender demanda de organização e preparo para lidar com imprevistos. Ao formalizar o negócio como microempreendedora, além de garantir acesso a todos os direitos que o MEI possibilita, esteja ciente de que esta experiência pode ser muito mais positiva se você estiver aberta a contar com ajuda.

A MaisMei possui um time de especialistas à disposição para ajudar na formalização da sua atividade profissional. Seja para abrir seu CNPJ MEI, ou mantê-lo regular para garantir seus direitos quando precisar.

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